05 janeiro, 2010

Consequence

Deitou o corpo à poucos metros do mar. Os grãos de areia desenhavam o seu formato logo abaixo da pele. Se ajeitou de lado, de modo que pudesse ver terra, água e céu. Naquela posição, ela podia enxergar quase tudo sem se mexer, sem sair do lugar. Sentiu vontade de dividir aquele silêncio com alguém. As gotinhas do aceano se aproximavam de seus olhos, fazendo escorrer fios de água pelo rosto. Ela sorria. O sol, daquela vez, fez nela algo como lar - ela não gostava muito do sol. Se sentia protegida e entendia que pessoas não podiam ser protegidas. Que ela nunca encontraria alguém para ser dela. Teria apenas momentos de cada um. Não conseguiria colocar alguém dentro de uma caixa com tampa fechada e também não saberia viver dois dias sem destruir por completo a mesma tampa. Esse era seu destino. Ser passageira de vidas inteiras. Eterna, por consequência.

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