21 fevereiro, 2010

Metade

Que a força do medo que tenho, não me impeça de ver o que anseio. Que a morte de tudo em que acredito, não me tape os ouvidos e a boca. Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.
[...]
Que as palavras que eu falo, não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor. Apenas respeitadas. Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos. Porque metade de mim é o que ouço, mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora, se transforme na calma e na paz que eu mereço. Que essa tensão que me corrói por dentro, seja, um dia, recompensada. Porque metade de mim é o que eu penso, mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste e o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável. Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro ter dado na infância. Porque metade de mim é a lembrança do que fui e a outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito e que o teu silêncio me fale cada vez mais. Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
[...]
E que a minha loucura seja perdoada. Porque metade de mim é amor e a outra metade também.

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