14 agosto, 2010

East & West

Sempre tive vontade de escrever uma carta e colocar lá dentro tudo que eu senti desde que eu nasci... Até agora.Mas, garota, sentimento não cabe em um envelope.
Essas duas foram criadas com cuidados, privilégios e receberam amores diferentes.
Muito diferentes, aliás. E tentam escrever.
Uma forma de descarregar as dores, os excessos de raiva, os gritos e choros.
E ter o conforto de não estarem incomodando outrem.
Mas a mansidão não era repentina como acontecia com os ‘normais’ – Não que se pudesse enxergar qualquer tipo de desequilíbrio em seus rostos.
Os dias eram mais lentos que os normais, a necessidade de vomitar qualquer coisa que viessem à mente era quase patológica.
E nenhum privilégio, ou amor era o suficiente pra preencher os dias que pareciam vir como bolhas de sabão em seus olhos. Deixando tudo dolorido. Cansado.
Queriam a ânsia diária de mudar.
Mas o querer não se manifestava em ações, era tudo... Arbitrário.
Nada era suficiente, ao que parecia.
E se dizer que queriam muito mais do tudo é ser repetitivo. Sim, elas são.
E não se importam com isso. Não se importam sequer se o que escreveram algum dia, se o que escrevem agora, ou se o que já disseram tem algum nexo. Só tem de estar guardado.
A história de cada uma. Separadas e juntas.
A mesma mania de guardar tudo. Mesmo sendo uma rosa feita de guardanapo ou uma peteca.
Circulavam a praça – em lados opostos – mas nunca se encontravam.
Seus desvarios eram profundos demais para fazer com que os olhos se levantassem, para encarar o sol, as pessoas, procurar por uma alma semelhante ou algum ombro pra poder chorar.
Não dividiam sentimentos com os de fora.
Era hábito permanecerem caladas por longos intervalos de tempo.
A transe era forte demais. E mesmo o que parecia importante, tornara-se trivial.
Gostavam de ser extremistas. Gostavam de ser problemáticas. Choronas e o caralho a quatro.
Embora, isso várias vezes trouxessem problemas com a família e em relacionamentos amorosos... Ainda assim, o faziam.
Envergonhavam-se, juravam fazer de outro jeito mesmo sabendo que a personalidade prevalecia.
Não haveria jeito de mudança. Quando estava perfeito, deveria estar mais.
E lançavam-se ao buraco que parecia não ter um fundo.
O contentamento era raro. Os pensamentos faziam a cabeça ficar sempre a mil por hora.
Todos pareciam estar lentos demais. As noites eram sempre longas. A brisa acolhedora era sempre rápida e leve. E isso nunca fazia com que se apaziguassem os mil horrores guardados em seus corações.
As duras provas de resistências que tinham, com pesar, conseguido enfrentar.
Parecia que tinham que provar para o mundo que eram capazes.
E mesmo assim, nada disso era o bastante.
Uma luta pelo que tem, a outra pelo que perdeu. Uma mãe, um pai, um amor. Uma amizade à distância.
E sempre repetem: “foda-se a porra da distância!”
Me pergunto se, isso sim, um dia, será o bastante.

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