03 setembro, 2009

Do amor.

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato.
O amor comeu minha certidão de idade, minha geneologia, meu endereço.
O amor comeu meu cartões de visita, o amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços e minhas camisas.
O amor comeu metros e metros de gravatas.
O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus.
O amor comeu minha altura, meu peso, a cor dos meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu a minha paz e minha guerra, meu dia e minha noite, meu inverno e meu verão.
Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.

Um comentário:

  1. Ah bicho pra comer hein! Sem mais... apesar da profundidade "intestinal" que o texto traz...

    ResponderExcluir