27 fevereiro, 2011

Sempre de um cômodo só

Gabriela que tinha muitos segredos. Embora escondesse, muitos o enxergavam. Seus esconderijos eram sempre os mais simples: dentro dos sapatos, debaixo das meias, nos olhos, atrás dos cabelos, no encontrar dos lábios. Gabriela morava dentro e não gostava nenhum pingo da ideia de ter o cômodo fora da própria morada. Ela não dava espaço para outros serem o que são de verdade, todos eram o que Gabriela queria enxergar. Cada pessoa ela transformava em um personagem do livro e nas páginas só ela escrevia. Assim não havia contradição ou dúvida se era por essa direção ou por aquela. Autoritária e ditatora do próprio mundo, Gabriela tinha certeza, inclusive, do final daqueles dias.

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